Menino de RioClaro-SP
Poema á RAUL.
Tenho vários livros
...sobre águas...sobre meninos.
Um menino de nome Raul:
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos amigos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
ou criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que:
os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino...
Com o tempo descobriu que ESCREVER seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
rei, principe. noviça, monge,
mendigo ou presidente.
Soberano...
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
POETA...ESCRITOR.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E... começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava em RAUL com ternura.
A mãe falou:Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens escritas
e, algumas pessoas
vão te amar por seus escritos.
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